Um
ponto final não cairia bem àquela história, não na parte em que supostamente
acabou. Estava indo tudo muito bem até aparecer o ponto de interrogação. E era
uma pergunta que vinha sem gabarito do tipo daquelas respostas pessoais. Aí que a gente se dá conta que o pronome
pessoal pode significar três pessoas diferentes na mesma frase.
Vou
contar esta história direito, aliás, vou contar e as interpretações podem ser
mil. Essa maldita interpretação! A pessoa nunca entende o que o autor quer dizer. Pensando bem, aí é
que está a genialidade da questão. Poder entender o que nos faz sentir melhor.
Pronto. Vou contar do meu jeito e cada um entende do seu. Quando ela começou,
eu já sabia o final (vocês saberão só nos últimos parágrafos), mas nem
imaginava tudo que aconteceria até chegar lá.
Dois
sujeitos resolveram entrar no mesmo texto, que a princípio, não deveria virar
uma história, mas com essa mania de escritores, as frases foram aumentando,
aumentando... tudo por conta dos adjetivos, eles que expressam qualidade. Ta.
Nem sempre, mas todos foram pra trazer alguma coisa boa. Quando ele era usado
pra criticar, vinha logo a solução. Ainda assim, os que prevaleceram sempre
foram os com aquela primeira denotação, o que fez com que a história ficasse
cada vez mais bonita, inteligente, criativa e acima de tudo,
divertida.
Entrou
no enredo, então, o advérbio de intensidade, mas ele não conseguiu ser mais
forte do que o de tempo porque há um grande abismo entre os tempos verbais
que usamos na fala e o tempo que rege as orações descoordenadas que realmente
sentimos. A nova ortografia que parecia ter unificado tudo, era fajuta. No fim,
um fala o português brasileiro, outro o europeu. Entendem-se muito bem, mas existem
algumas diferenças que ninguém vai conseguir regrar. Por exemplo, o uso do
sujeito composto. Um não concorda, mas o outro não consegue escrever sequer um pequeno
texto usando o sujeito simples. O problema é que um deles precisa ficar oculto
e esse nunca está satisfeito. Todo mundo sabe quem ele é, é sempre óbvio, mas
existe alguém que não entende da sintaxe e, por isso, consegue levar a história
adiante.
Futuro,
presente e passado estão diretamente ligados. A maioria das pessoas dá mais
importância às normas do que à semântica e não perde o costume de engessar tudo
o que fala, sente e vive. Tem medo do diferente. Sempre achei que o verbo seria era conjugado no futuro do
pretérito porque pra ele acontecer de verdade depende de deixar pra trás o que ele já foi. Eu seria bem melhor se esquecesse de viver o passado.
Regra
básica da sintaxe, dois pontos, não há vírgula no mundo que consiga separar o
sujeito do predicado, até porque não é certo tentar fazê-lo. Depois de engolir
uma gramática inteira eu aprendi não só a aceitar isso, mas a concordar que
nesse caso não há liberdade, algumas coisas não podem fugir da norma culta. Reticências
não cabem aqui, são três sinais em um só e o que vem depois não pode ser mudado.
Vou usar uma vírgula. Assim, a frase continua de onde parou, a menos que seja
interrompida por uma oração coordenada sindética adversativa,
Agosto/2012